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A comunicação verbal na gestação

02 julho 2012


O ambiente intra-uterino é o primeiro universo que o ser humano conhece e onde se originam as primeiras percepções que irão determinar o modo como ele se relacionará com o mundo aéreo, especialmente na primeira infância.
Tudo o que acontece durante esse período é esquecido ao nascer, porém fica registrado no inconsciente. Ao vivenciar situações semelhantes, a criança atuará segundo os mesmos padrões de comportamento adquiridos na vida gestacional.
Estruturalmente, o embrião humano já vem programado para a linguagem desde a concepção. Muito antes de ouvir, o que ocorre por volta do terceiro trimestre de vida pré-natal, o feto capta as vibrações dos sons das palavras emitidas pela voz materna, com todas as emoções que as acompanham.
Com o tempo, vai aprendendo a simbolizá-las, ou seja, dar-lhes um significado. Sendo involuntárias as reações fisiológicas maternas, como alteração de seu batimento cardíaco, pressão arterial e produção hormonal, a futura mamãe não pode evitar que o bebê capte seus sentimentos de maior angústia, ansiedade ou estresse, pois o ambiente intra-uterino sai da neutralidade e o coloca em sofrimento.
Neste momento, se a gestante conversar com seu filho, esclarecendo o que está ocorrendo, como está se sentindo e como se sente em relação a ele, libera os sentimentos, principalmente os mais negativos e diminui a intensidade da angústia, mantendo-se dentro de certo equilíbrio emocional, o que certamente será percebido por ele, pois o ambiente uterino tornar-se-á menos agressivo e, portanto, mais neutro.
Esta relação de troca com o feto é fundamental para a formação e fortalecimento do vínculo materno-filial. Funciona como atitude de respeito e amor pela saúde e bem-estar da criança que está sendo gestada.
Durante os meses de gravidez, o feto está diretamente ligado a tudo o que a mãe pensa, sente e fala a seu respeito. Em certo nível, estão em comunicação direta e permanente. Ele sente as mesmas emoções que ela e é por elas moldado. Aqui entra, desta forma, a importância do ambiente social e familiar mais próximo, em especial, a figura paterna. Se tudo o que toca a mãe, toca-o também, muito cedo o feto percebe a influência que o pai exerce sobre ela e, conseqüentemente, sobre ele.
Muito embora alguns pais sintam-se excluídos fisiologicamente desta relação, emocionalmente estão tão ligados quanto a figura materna e é de extrema importância que adquiram esta compreensão muito cedo, para que a relação familiar possa se desenvolver com maior harmonia e união.
São muitos os futuros papais e mamães que dizem se sentir constrangidos ao conversar com uma barriga. Este é o conceito mais equivocado, pois dentro do ventre materno existe um ser em formação e que necessita desta comunicação para se sentir amado, desejado, compreendido e respeitado.
A língua ouvida pelo feto será a sua língua e é por este motivo que terá maior facilidade em decodificar, aprender e utilizá-la posteriormente. É tão primordial a comunicação verbal durante a gestação que, ao nascer, o bebê, assim introduzido na palavra, já terá em seu vocabulário, um ou dois fonemas.
Além de ser uma fonte poderosíssima de formação vincular, funciona, também, como um exercício para a maternidade e paternidade, um reconhecimento de que o feto é a mesma pessoa que logo nascerá e com quem manterão o diálogo já iniciado na vida uterina e com quem compartilharão suas vidas.
Se o feto participa ativamente da manutenção da gravidez e determina o seu final, seja através do parto a termo, prematuridade ou aborto, a sintonia com a mãe é fundamental em todo este processo, até mesmo pelo tipo de parto que será realizado.
Se o parto a termo constitui-se num compromisso firmado entre mãe e o feto através de sinais sutis e complexos, portanto, com a participação ativa dele, não se pode dizer o mesmo em relação à cesariana, quando o bebê é pego de surpresa num momento em que não estava preparado para nascer.
Assim, a parturiente deve prepará-lo, esclarecendo o motivo real pelo qual o parto será antecipado, quer seja por opção ou necessidade, bem como, os procedimentos que serão realizados.
Estas atitudes expressam profundo respeito para com o bebê, além de lhe proporcionar um suporte emocional necessário num momento repleto de significados.
O parto, por si só, já é um processo eliciador de trauma emocional, haja vista a mudança radical e brusca de vivência que ocorre com o bebê. Ele sai de um ambiente tão conhecido, onde os sons internos maternos, os sons externos mais abafados, a luminosidade controlada, a temperatura mais constante, enfim, todo o referencial adquirido por longos meses, perde-se repentinamente. Daí a necessidade de aconchegá-lo ao peito materno logo ao nascer, para que reencontre e reconheça este mesmo referencial que o acolheu durante a vida pré-natal. Muito mais que isto, poder ouvir o som da voz materna que identifica quase que simultaneamente e que pronuncia as primeiras palavras na sua vinda à vida aérea.
A história de vida do bebê começa, portanto, anteriormente ao seu nascimento e pode ser estruturada de forma mais sadia, com compreensão, sintonia e respeito se, desde a concepção, for percebido como um ser em formação, como uma pessoa desejante, que sabe expressar suas necessidades se houver alguém que possa e consiga captar-lhes o sentido para satisfazê-las.
Não é necessário longo discurso. Breves palavras, porém, intensamente pronunciadas com a mais pura emoção, hão de significar muito, pois ele se sentirá compreendido e aceito, acolhido e amado por quem mais deseja ser.

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